Escrito por Giselen Cristina Pascotto Wittmann |
Seg, 23 de Novembro de 2009 |
Entenda como pode funcionar o gerenciamento de resíduos nesse processo de impressão.
A preservação do meio ambiente é uma questão que faz cada vez mais parte da política das empresas em função de uma série de exigências como cumprimento da legislação ambiental, busca da sustentabilidade e consumidores com maior consciência ecológica. As gráficas do ramo de serigrafia também estão inseridas nesse cenário e dentro desse contexto procuram desenvolver ações para mitigar os impactos ambientais de suas atividades. Um exemplo é o da indústria serigráfica Tekne, vencedora do Prêmio Abigraf de Responsabilidade Ambiental Orlando Villas Boas com o case “Imprimindo com consciência e ações ambientais”, em que apresentou todas as ações que desenvolve para minimizar os impactos ambientais de suas atividades produtivas.
Definição do processo
Serigrafia é um processo de impressão permeográfico que consiste em reproduzir a imagem utilizando uma forma composta por malhas finas de fios sintéticos ou metálicos, esticadas sobre molduras, por meio das quais a tinta é forçada a passar pelas áreas de grafismos sobre o suporte. Uma das características do processo é a diversidade de aplicações, por permitir a impressão em diferentes materiais e superfícies, incluindo vidro, plásticos, madeira e metais. Os principais aspectos ambientais da impressão serigráfica são os resíduos resultantes da preparação da forma, como restos de madeira, alumínio e da própria tela. Há também os resíduos do processo, como toalhas industriais e aparas; os efluentes compostos por produtos químicos diluídos, provenientes da etapa de limpeza das formas; as emissões de Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), resultantes da evaporação dos solventes, tintas, vernizes ou adesivos, além do consumo de água e energia elétrica. Segundo a norma ABNT NBR ISO 14001:2004, aspectos ambientais são variáveis das atividades, produtos ou serviços de uma organização e que podem interagir com o meio ambiente. Já os impactos ambientais são quaisquer modificações no meio ambiente, adversas ou benéficas, que resultem, no todo ou em parte, das atividades, produtos ou serviços de uma organização. Por exemplo, no caso do descarte de aparas no solo, as aparas em si são os aspectos ambientais, já o efeito da contaminação do solo seria o impacto ambiental. A identificação dos aspectos e impactos ambientais é uma das etapas do sistema de gestão ambiental. Para facilitar esse levantamento, primeiramente a empresa deve identificar todas as etapas do processo produtivo, incluindo as entradas e saídas. O quadro acima mostra um exemplo de fluxograma do processo serigráfico, elaborado pela Equipe de Qualidade Ambiental da Escola Senai Theobaldo De Nigris com base no processo desenvolvido na instituição. Uma segunda etapa consiste em classificar os resíduos quanto à sua periculosidade e tipo. A análise apresentada no fluxograma foi feita com base na norma ABNT NBR 10004, a qual classifica os resíduos em classe I (perigosos), classe IIA (não inertes) e classe IIB (inertes). Quanto ao tipo, as saídas foram classificadas em resíduos sólidos, efluentes ou emissões atmosféricas.
Medida de Produção Mais Limpa (P+L)
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Unep), produção mais limpa é a aplicação contínua de uma estratégia ambiental integrada e preventiva para processos, produtos e serviços, visando aumentar a eficiência global e reduzir os riscos às pessoas e ao meio ambiente. Seguindo esse conceito, a Theobaldo De Nigris desenvolveu um projeto de reúso de água na operação de lavagem das telas de serigrafia. A lavagem de telas serigráficas é uma das etapas dos processos de recuperação, cópia e revelação da forma. O efluente gerado é composto por produtos químicos diluídos em água, impróprio para descarte na rede de esgotos. O sistema de tratamento é constituído de uma miniestação de tratamento — para decantação do lodo e controle do pH —, dois filtros (um para retenção de partículas sólidas e outro para substâncias orgânicas) e uma bomba para transportar a água tratada e alimentar um reservatório. A água, depois de tratada, é reutilizada no próprio processo. O sistema opera em ciclo fechado com um volume de apenas 400 litros de água. O lodo e os filtros poderão ser encaminhados para coprocessamento. O esquema do projeto está apresentado na página ao lado. A adoção de medidas de P+L nos processos industriais contribui para a melhoria do ambiente de trabalho; redução ou eliminação de resíduos, efluentes e emissões atmosféricas; conservação de recursos naturais; eliminação de produtos tóxicos e perigosos, além de trazer benefícios econômicos às empresas.
Giselen Cristina Pascotto Wittmann é professora da Escola Senai Theobaldo De Nigris, especialista em gestão ambiental na indústria gráfica e tecnologia de embalagens.
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quinta-feira, 23 de agosto de 2012
Produção mais limpa na Serígrafia
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